6 de abril de 2013

Homenagem ao Paulão


 
 

 
O Paulão se foi.
 
A matéria e a energia, que ele tanto já descreveu, agora se dissipam, sabe-se lá para onde, sabe-se lá como...
Uma luz a menos no mundo. Ou não?
A lâmpada pode perecer, mas o que dizer da luz que ela irradiou? Extingue-se também? Ou continua a percorrer o espaço e o tempo, fulgurante e inspiradora? Pode a morte da lâmpada interromper o caminho da luz que ela própria emitiu incessante e alegremente ao longo de sua existência?
Creio que não.
Uma luz há de ser eterna, e ainda que se dissipe nunca desaparece por completo. Iluminou. Caminhos foram encontrados graças a essa luz, e caminhos encontrados não se perdem novamente, mesmo porque já foram trilhados. E vidas que se banharam nessa luz nunca mais hão de voltar para a escuridão. Iluminou. Doou-se. Repartiu. Resplandeceu fazendo resplandecer. Brilhou sobre um tablado, emoldurado por uma lousa. E brilhou sonora, acalentada por uma voz que não mais será ouvida.
Fará falta.
A alegria, o bom humor, a lealdade, a simpatia, a bondade, o carisma... A mocidade adolescente que a tantos encantou... E que certamente ainda encanta e ainda encantará.
Fará falta.
Era, realmente, a mocidade encarnada num corpo ao qual foi imposto envelhecer, sem consulta, sem opção, sem consentimento...
Fará falta.
Preencheu espaços, que agora se enchem de ar invisível e mudo; percorreu o tempo, que agora parou; mas verteu energia, impregnou vidas, marcou mentes e deu sentido à palavra lembrança...
Lembrança essa que estará num tablado vazio...
Numa lousa apagada...
Num pincel repousando no suporte, como uma batuta a espera de seu maestro...
E numa sinfonia que, inacabada, silenciará para sempre...
Adeus, meu amigo.