OS VINTE CENTAVOS MAIS
CAROS DO MUNDO (III)
Tenho algo a dizer, ainda. E
muito ainda direi, com certeza.
Essas bestas na política acho que
não estão entendendo (ou não estão querendo entender) o recado das ruas. Ou estão
entendendo muito bem e planejando como livrar a própria cara e ao mesmo tempo
confundir a população.
Ou então sou eu, que já fui pra
rua, que não estou entendendo nada; portanto, perdoem-me os leitores se, em
alguns trechos, uso o pronome ‘nós’ e não ‘eu’ ao escrever, pois na minha
opinião o que digo não reflete exclusivamente meu ponto de vista, é a expressão
da vontade da maioria. Mas talvez a besta seja eu, por isso vou começar de novo,
reiterando meu pedido de perdão se esse ‘nós’ não for cabível:
Essas bestas na política acho que
não estão entendendo (ou não estão querendo entender) o recado das ruas. Ou estão
entendendo muito bem e planejando ardilosamente como livrar a própria cara e ao
mesmo tempo confundir a população.
Imagino que a reforma política
que queremos é MORAL, mais do que institucional, infinitamente mais. Não mostramos
isso o bastante? Nosso grito não foi alto o suficiente?
Falam em plebiscito para uma
reforma constitucional. Mas quem é que foi pra rua protestar contra a
Constituição? Quem é que está assim tão insatisfeito com a atual a ponto de
querer que essas pessoas que compõem o Congresso (ou os atuais partidos) façam
uma nova?
Estamos criticando a classe
política como um todo, a ponto de sequer querermos envolvimento partidário nas
passeatas, e vamos querer agora delegar a essa mesma classe política o poder de
alterar nossa Constituição?
É isso que queremos?
Ou queremos decência,
honestidade, integridade, comprometimento e dedicação, por parte de qualquer
um, quem quer que seja, que esteja na política? O que queremos não é melhorar o
país? Não estamos, todos, querendo representantes nos quais possamos confiar,
antes que se faça algo tão importante quanto uma nova Constituição?
Queremos mesmo uma nova
Constituição?
É isso que queremos?
Ou é isso que eles querem?
Talvez seja.
Confundir, burocratizar, absorver
o que não pertence a eles, colocar as ruas numa tribuna, mas para transformar reivindicações
em catálogos, para que o povo volte a ser artigo de consumo. Fazer com que nos
percamos nos meandros da burocracia, percorrendo escrivaninhas e gavetas como
papel e não como povo. Para que recuperem o controle. Para que não estejamos à
altura do que estará sendo discutido entre eles. Para que nos sintamos
ignorantes. Para que dependamos da opinião de especialistas ou da mídia. Para que
percamos o que criamos.
Queremos mesmo que essa classe
política que está aí, que só está agindo porque está sob pressão e não qual não
confiamos, faça outra Constituição?
Não, não acho que seja isso.
Vamos primeiro moralizar os
políticos e os partidos, e isso nas ruas e no voto, não nos gabinetes.
Depois pensaremos em alterar as
instituições.
Análise genial, eu não tinha visto dessa forma
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