Fazenda Laranjal
O paraíso
amanhece...!
O dia entra se
esgueirando pelas frestas das janelas
Criando
penumbra de intimidade,
Fazendo a vadiagem
espreguiçar.
Gansos e
galos musicalizam o amanhecer.
Abro a porta
do quarto.
Um jardim
orvalhado lisonjeia o olhar e
Exala pureza
para os pulmões.
Cães, gatos e
galinhas acorrem
Aos atropelos
em euforia de saudação.
A cadeia
alimentar está de férias.
Sonoridade e
aroma
De café no
bule,
De pão no
forno
E de manteiga
batida
Me transportam
para a cozinha.
O amanhecer
ainda boceja.
Um café puro
e uma caminhada até o pasto.
Luz osmótica
e nenhuma pressa.
Tranquilidade
de grama crescendo.
Cumprimento cavalos,
carneiros, vacas e pôneis.
O sol supera
as colinas mais altas do vale
E um tênue
calor atinge meu rosto.
Volto pra casa,
já toda desperta,
Onde mesa
farta e desjejum
Aproximam
desconhecidos.
Dali pra
debaixo de árvores frondosas
Onde cavalos
são encilhados.
Cavalgada
matinal
Até campos de
feno,
Até cachoeiras
invioladas,
Até milharais
fecundos,
Até o
Paranapanema majestático...
De volta pra
casa, sol já a pino.
Mrs. Judith
coordena os preparativos para o almoço
Em meio a uma
profusão
De
trabalhadores e bandejas,
Caipirinhas e
cervejas,
Sucos e refrigerantes,
Quitutes e
beliscos
Que circulam
por todas as partes,
Em todas as
mãos,
Para todos os
olfatos
E todos os
paladares.
Mesa farta e
desconhecidos
Já não são desconhecidos.
O paraíso
almoça...!
Depois um
licor,
Um cochilo,
Um balanço de
rede,
Um descanso
ao sol
Ou o que quer
Que o querer
Queira querer.
Outra cavalgada.
O crepúsculo
acalenta o dia que se vai...
Outros preparativos,
Outra mesa farta,
Outra mesa farta,
E conhecidos
já são amigos.
O paraíso
ceia...!
Varandas
cheias,
Melancolia de
luar e música,
Céu
constelado e serenata
Até a
indolência se embaralhar ao sono.
O paraíso
adormece...!
Para um novo
amanhecer...
Para uma nova
rotina rara...
Mas rotina de
paraíso não é rotina.
É eternidade
num dia só...
É encantamento
de infância que não se esvai...
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