14 de julho de 2012

Fazenda Laranjal

Fazenda Laranjal
O paraíso amanhece...!
O dia entra se esgueirando pelas frestas das janelas
Criando penumbra de intimidade,
Fazendo a vadiagem espreguiçar.
Gansos e galos musicalizam o amanhecer.
Abro a porta do quarto.
Um jardim orvalhado lisonjeia o olhar e
Exala pureza para os pulmões.
Cães, gatos e galinhas acorrem
Aos atropelos em euforia de saudação.
A cadeia alimentar está de férias.
Sonoridade e aroma
De café no bule,
De pão no forno
E de manteiga batida
Me transportam para a cozinha.
O amanhecer ainda boceja.
Um café puro e uma caminhada até o pasto.
Luz osmótica e nenhuma pressa.
Tranquilidade de grama crescendo.
Cumprimento cavalos, carneiros, vacas e pôneis.
O sol supera as colinas mais altas do vale
E um tênue calor atinge meu rosto.
Volto pra casa, já toda desperta,
Onde mesa farta e desjejum
Aproximam desconhecidos.
Dali pra debaixo de árvores frondosas
Onde cavalos são encilhados.
Cavalgada matinal
Até campos de feno,
Até cachoeiras invioladas,
Até milharais fecundos,
Até o Paranapanema majestático...
De volta pra casa, sol já a pino.
Mrs. Judith coordena os preparativos para o almoço
Em meio a uma profusão
De trabalhadores e bandejas,
Caipirinhas e cervejas,
Sucos e refrigerantes,
Quitutes e beliscos
Que circulam por todas as partes,
Em todas as mãos,
Para todos os olfatos
E todos os paladares.
Mesa farta e desconhecidos
Já não são desconhecidos.
O paraíso almoça...!
Depois um licor,
Um cochilo,
Um balanço de rede,
Um descanso ao sol
Ou o que quer
Que o querer
Queira querer.
Outra cavalgada.
O crepúsculo acalenta o dia que se vai...
Outros preparativos,

Outra mesa farta,
E conhecidos já são amigos.
O paraíso ceia...!
Varandas cheias,
Melancolia de luar e música,
Céu constelado e serenata
Até a indolência se embaralhar ao sono.
O paraíso adormece...!
Para um novo amanhecer...
Para uma nova rotina rara...
Mas rotina de paraíso não é rotina.
É eternidade num dia só...
É encantamento de infância que não se esvai...


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